No final do Século XVII, com a descoberta feita por Isaac Newton (1643-1727) da lei da atração universal, por meio da qual foi possível explicar os movimentos de todos os corpos, a física tornava-se universal, enquanto o paradigma metodológico newtoniano passava a ser o critério de cientificidade. A racionalidade científica não é específica das ciências da natureza, nem tampouco o critério de cientificidade deve ser definido por um paradigma metodológico cuja abrangência diz respeito aos fenômenos físicos, não contemplando, portanto, os fenômenos conscienciais. O objetivo deste trabalho
é examinar as razões que levaram a se restringir a cientificidade a determinadas áreas de conhecimento, bem como propor iniciativas voltadas para a expansão da pesquisa parapsíquica, fundamentada no paradigma consciencial, legitimando a sua cientificidade por meio da teoria e prática da autopesquisa e da tarefa do esclarecimento.
Decisões, escolhas e ações são realizadas, muitas vezes, em discordância com
o que a razão mostra ser o correto. Por sua vez, crenças, manifestamente falsas, são aceitas em desacordo com os fatos. O que determina tais atitudes? A hipótese que se propõe é que as atitudes irracionais do ser humano, suas condutas anticosmoéticas têm como principal fator desencadeante as emoções mobilizadas pelo egoísmo e suas influências sobre a autopensenidade, formação de crenças irracionais e distorções cognitivas. Nesse contexto, o desenvolvimento da autocrítica e expansão do autodiscernimento constituem processo essencial à compreensão das irracionalidades e reciclagem de valores pessoais, transformando emoções centradas no ego em sentimentos elevados, altruístas. O objetivo deste artigo é evidenciar que a autopesquisa e a interassistencialidade desempenham papel fundamental para a consecução das recins na medida em que o desenvolvimento de ambas conduz à expansão do autodiscernimento, motivando reciclagens autoevolutivas e emprego dos trafores com vistas às autoprioridades.
Crenças, dogmatismos, ideologias estão presentes nas diversas formas de pensamento. A noção abrangente de crença perpassa todas as demais, despertando o interesse por seu estudo, dada a sua influência sobre as ações humanas, com vistas ao entendimento dos confrontos políticos e religiosos que marcaram a cena mundial desde o século passado e se faz presente ainda hoje. Na atualidade, essas noções são associadas não somente à religião e à política, mas também à ciência, não obstante os procedimentos de justificação por ela utilizados. Compreender o processo de constituição da crença e combater a sua tendência a transformar-se em dogma ou certeza absoluta, a serviço do poder de pessoas ou de grupos, é condição para o avanço da democracia e expansão da liberdade. Nessa perspectiva, a autopesquisa conscienciológica, conduzida a partir do princípio da descrença, é apresentada como abordagem capaz de contribuir para a compreensão do fenômeno da crença, bem como gerar a autoconvicção vivenciada, apoiada na autoexperimentação e autocrítica, necessária às realizações de projetos pessoais e coletivos, e a abertura a novas verpons (verdades relativas de ponta) resultantes da expansão da autoconsciencialidade.
Interparadigmas Márcio Alves Ano 1 - N.1: Princípio da Descrença (2013)